A Klondike highway segue mais ou menos o “gold rush trail”, a rota que cerca de 40.000 caçadores de fortunas fizeram em busca do metal percioso.Foi uma viagem epica,tendo em conta o rigor dos invernos e dos trilhos da altura. O alcatrão há muito que apagou as pegadas dos mineiros, e para além das placas alusivas aos feitos desses grandes aventureiros, que se encontram ao longo do caminho, e aos montes atras de montes de pedra quebrada pela maquinaria mais moderna das poucas minas de ouro que ainda hoje alteram a paisagem em redor de Dawson city, pouco mais ha que faca lembrar esse passado glorioso.
O percurso de 562Kms foi um “passeio” comparado com a Dempster highway.
A Estrada apesar de ter trocos em saibro, esta em boas condicoes.Desliza suavemente as Colinas do Yukon Plateau. Aproveitei para subir as medias para 93.5 Kms/dia, nao so pelas boas condições da Estrada e da monotoma paisagem, que não convidava a muitas paragens, mas tambem por a janela climática se estar a fechar. Apesar das temperaturas estarem idiais para ciclismo com maximas de 20 graus durante o dia, as noites ja sao frescas com os tremometros a baixarem aos 5 graus.
A Estrada apesar de ter trocos em saibro, esta em boas condicoes.Desliza suavemente as Colinas do Yukon Plateau. Aproveitei para subir as medias para 93.5 Kms/dia, nao so pelas boas condições da Estrada e da monotoma paisagem, que não convidava a muitas paragens, mas tambem por a janela climática se estar a fechar. Apesar das temperaturas estarem idiais para ciclismo com maximas de 20 graus durante o dia, as noites ja sao frescas com os tremometros a baixarem aos 5 graus.
O verao esta a terminar.
E eu nao estou,de forma nenhuma preparado para enfrentar o rigor do inverno canadiano. Beaver creek, quer nao fica muito longe daqui, registou num mes de fevereiro dos anos 70 a temperatura mais baixa da America do norte: -63 graus!
Apesar da monotomia das densas florestas de cedros e outras arvores alpinas , basta acampar junto a um lago ou rio para poder sentir que nao viajo so por esta Estrada.
Acampei junto ao “gravel lake”, as nuvens reflectiam nas aguas placidas do lago, castores(autenticos engenheiros de construcao na vida animal) estao atarefados na construcao das suas casas. Um verdadeiro labirinto de trocos de Madeira que alteram paizagens. Um castor corta uma media de 200 arvores por ano o que justifica a exprecao canadiana: “busy as a beaver” ou seja; atarefado que nem um castor.
Patos e galinholas pousam na agua para pernoitar.Ligo o meu radio de ondas curtas e ouco a previsao do tempo para amanha. Monto o meu fogao a gasolina e preparo o jantar, observando o lago cheio de vida ao entardecer. E ali estou eu...sozinho.Eu e a natureza.
Estou a comecar a sentir-me mais confidente a acampar no meio dela. Ja comeco a identificar alguns sons nocturno s e durmo bem. Sem aqueles sobresaltos do inicio da viagem, em que qualqer ruido, para mim era a presenca de um urso.De facto nesta zona, e mais perigoso ser urso do que ser humano.
Na manha seguinte abri o fecho da tenda e vejo 2 cisnes brancos de bico preto a nadar nao muito longe da tenda. Transporto-me no tempo e vejo-me a acordar no meu quarto em londres, meio resacado dos muitos cigarros e copos de vinho da noite anterior e ja atrasado para o trabalho.
Qual e a realidade?
Preparo um tacho de cereais, varias sandes de crème de nozes (altamente energetico) e um café.Arrumo as malas e desmonto a tenda.Um processo que me leva cerca de hora e meia cada manha, e sigo viagem.
Cada dia que passa pedalo com mais forca que o anterior. Sinto os músculos das pernas a desenvolver. A motivação e tão forte, que nada parece me inpedir de continuar.
Cheguei a Whitehorse, capital da provincia do Yukon. Esta provincia montanhosa que e cerca de 5 vezes maior que Portugal tem apenas 32.000 habitantes. 23.000 vivem na capital.
Com 6 caribu por pessoa e um urso grizzly por cada família de 5, a natureza e rainha por estas bandas. Whitehorse nao e apenas a capital da provincia, mas também a cidade fronteirica entre a natureza selvagem do norte e a paisagem semi controlada do sul.
Aqui termina a rede de transportes da “greyhound”, os serviços nacionais de emergência 911 e as boas recepções de radio e telemovel. As grandes “corporations” como a Mc Donalds e pizza hut, também nao se aventuram mais para norte.
Ficarei por Whitehorse por 3/4 dias.
Tenho pela frente mais uma etapa de cerca de 500 Kms , pela famosa Alaska highway, ate dawson lake. Aldeia junto a fronteira com a provincia da british Columbia.
Tenho pela frente mais uma etapa de cerca de 500 Kms , pela famosa Alaska highway, ate dawson lake. Aldeia junto a fronteira com a provincia da british Columbia.
Seguindo-se outra etapa de 1000Kms pela Stuart Cassiar highway que se aproxima da costa do pacifico antes de entrar para o centro da provincia ate a grande cidade de Prince Rupert. Pelo caminho, com um pouco de sorte, espero ver mais ursos em accao.Desta vez a pesca de salmao, que nesta altura do ano fazem a sua viagem rios acima para desovar. Claro que este precurso esta sempre sujeito a grandes alteracoes. No fundo o itenerario e simples:
Sempre para sul ate nao haver mais estradas !!
Nuno Pedrosa, em Whitehorse, Yukon, Canada
2 comments:
Olá Nuno!
É delicioso seguir o teu trilho! Por aqui já nos habituámos a ler afincadamente este teu diário de bordo! Magníficas paisagens, algumas peripécias, imagens inesquecíveis...Obrigada! E como tu dizes...também nós vamos estar por aqui, contigo, rumo ao sul!
Patrícia & João
Eia maluco!
A vida cosmopolita de Londres não tem nada a ver com isso (passa-se o mesmo aqui por Barcelona), são realidades completamente diferentes. Ao menos tu fazes por conhecê-las.
A tua viagem é muito inspiradora, para dar força em coisas mais pequeninas e quotidianas aqui à gente comum, faz sonhar, pensar no que fazer a seguir e lembrar que afinal de contas, nós éramos nómadas no início. Já Bruce Chatwin falava disso, sem esquecer no entanto que precisamos de uma base, um porto de abrigo onde regressar. Os tais copinhos de vinho em Londres ;)
Boa sorte e um abraço de alguém que vai seguindo com atenção a tua viagem,
Nuno
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